terça-feira, 12 de agosto de 2014

Exaustão Introspectiva de um Momento de Solidão

O meu sentimento hoje é exaustão, a partir da palavra imensidão. Quando verifico que no relógio já passou do meio dia, vejo que os meus dias passam excessivamente rápidos. Reflito um momento sobre gostar de escrever e percebo que o texto é uma forma de extravasar o sentimento, como tomar uma dose de cachaça, comer uma pizza que acaba de sair do forno ou escutar um amigo em uma mesa de bar, acompanhado de uma cerveja bem gelada. 

A vida é reflexo de nossas escolhas e o caminho que cada pessoa segue, aquilo que escolheu viver. É muito fácil cultivar sentimentos negativos, quando nada de positivo é visto adiante. As circunstancias independem daquilo que sou, mas o resultado, este sim, sempre terá a minha assinatura. 
Olhar para fora e desanimar é muito fácil, quando desistir é o que a maioria das pessoas faz. Não seja como a multidão. 

Neste momento, enquanto escrevo, escuto a banda abaixo. Melodias tristes, de um passado que já passou, mas que teima em existir.





segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Parada para um recomeço

Este texto surgiu a partir de uma reflexão sobre minha caminhada até o presente momento. A alguns poucos anos, como um grande leitor, sempre tive vontade de escrever, mas nunca concretizei. O que aconteceu é um fato que hoje é tão estarrecedor, que não tenho medidas para explicar. Logo que entrei em uma instituição religiosa, comentei sobre o blog, que iria começar a escrever. Relatei o nome e após uma longa conclusão por parte da liderança, ouvi que deveria reavalia-lo, pois a carga "espiritual" do nome poderia me afetar. Após acatar "conscientemente" as ordens e receber a aprovação de Sua Santidade, senti que fui afetado, tornei-me mais ignorante, retrocedi em minha evolução pessoal. E este fato iria se repetir por diversas vezes, muito antes deste episódio e depois, em relacionamentos familiares, com amigos, no trabalho e no dia a dia, quando a opinião do outro era que importava, em detrimento de quem eu era. 

Escreve e falo bem, principalmente quando são assuntos que domino ou são do meu interesse. Espero que as criticas venham, seja para melhorar o que está ótimo ou refazer o que está horrível. Tenho o desejo que meus textos tenham repercussão mundial, que um dia ganhe dinheiro e muito com os mesmos, e que pessoas possam refletir, se divertir, chorar e rir com minhas histórias, fazendo do prazer, uma profissão. Mesmo que exista um só leitor que me incentive, o resultado será como os alogaritmos 0 e 1 da matemática. Posso receber muitos "não", mas um único sim, determinará todo resto. Hail. 

Retornando ao episódio religioso, quantas vezes me abdiquei do que gostava, apenas para satisfazer o outro? Nossas qualidades e defeitos se desenvolvem na medida que investimos nos mesmos, então, como poderei ser um escritor de sucesso, se não leio e não escrevo com frequência? O hoje é um dia revelador, pois cheguei à conclusão que o único "não" que devo considerar é o meu. Os outros são apenas avisos, ou pontos de vista ou desejos. Os outros não são nós, é o ele, o aquele, que como esta frase, pode confundir e desconstruir a compreensão de sonhos ou projetos pessoais. 

Depois de muito tempo, este texto inicia-se como Genesys, a partir do nada ou do tudo, o começo de minha performance. Repete-se a partir do Eco do questionamento se deus existe ou se somos todos Deuses. O sofrimento que o episodio relatado e tantos outros promoveram em mim, hoje me fazem rir, pois em ultimo momento, estou só, rindo sozinho. O fato de ter ouvido o outro em um determinado momento, tem efeito quanto hoje é importante parar para me escutar. O jardim do Édem foi criado para um ou dois no máximo, quando entrou um terceiro na estória, o negócio ficou complicado e não estou falando da serpente. 
  

terça-feira, 27 de setembro de 2011



Jesus e os cegos de nossos dias


cego

ce.goadj (lat caecu1 Que não vê. 2 Alucinado. 3 Desvairado. 4Que atua sem discernimento. 5 Entulhado, entupido, obliterado, obscuro. 6 Que não é traspassante; com abertura somente em uma extremidade ou face: Furo cego. 7 Apagado, indistinto. 8 Sem fio ou gume. 9 Que se desata com dificuldade: Nó cego. 10 Escuro, tenebroso. sm 1 Homem que não vê. 2 Intestino cego, bolso intestinal; ceco. (Dicionário Michaelis online).

E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus. Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego. E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo. Então os vizinhos, e aqueles que dantes tinham visto que era cego, diziam: Não é este aquele que estava assentado e mendigava? Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu. Diziam-lhe, pois: Como se te abriram os olhos? Ele respondeu, e disse: O homem, chamado Jesus, fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé, e lava-te. Então fui, e lavei-me, e vi. João 9:1-11. (Almeida Corrigida e Revisada Fiel).

O cego da passagem acima precisava de um encontro com o Senhor e o capítulo prossegue centrado nos diálogos entre Jesus, o cego, fariseus e tantos outros envolvidos que testemunharam o milagre. Este fato narrado na bíblia ocorreu há quase dois mil anos atrás, parece-nos distante, mas diante de tantos avanços, temos a impressão de que pouca coisa mudou. Os cegos (chamados atualmente de deficientes visuais), ainda estão à margem da nossa sociedade e são encontrados nas esquinas das cidades vendendo jogos da Loto, Mega Sena, em subempregos ou na informalidade como camelôs. Se isto acontece hoje em nossos dias, imagine na época de Jesus?

Na convivência com deficientes visuais, temos exemplos de pessoas que casaram, cuidaram muito bem de seus filhos e hoje tem a honra de verem os seus netos crescendo. Outros se realizaram profissionalmente, atuando em empresas ou passaram em concursos concorridos. E tantos outros estão cursando faculdade ou são profissionais formados.

Muitas pessoas associam a cegueira à invalidez, um conceito totalmente errado e contrário à bíblia. Esquecem que eles são como nós, que erram e acertam, tem projetos de vida, sonhos e desejos.

O Senhor é maravilhoso, Ele não somente se importou com a necessidade daquele cego, mas com a pessoa que ali estava. A cura física foi apenas um meio de se aproximar daquele homem, de conhecer seus problemas e dificuldades que não se resumiam na falta de visão. Certamente ele vivenciava diariamente a invisibilidade social, a inferioridade, a baixa auto-estima, muitas críticas e também a rejeição e nós temos os sentimentos que ele. Não nos sentimos assim, quando esquecem do nosso aniversário? Ou quando uma pessoa importante nos ignora, nos trata mal ou nos decepciona?

Jesus dedicou sua atenção àquele cego e nos deixou o Seu Exemplo no texto bíblico não para vermos como uma metáfora, mas para fazermos igual ou até mesmo melhor.

A necessidade do deficiente visual não é apenas uma ajuda financeira ou educacional, mas amparo físico, emocional e principalmente espiritual. Esta é a proposta do Ministério Siloé, uma visão dada não para alguns ou para um grupo, mas para toda a Igreja, para todo o Corpo de Cristo. Não seja um cego espiritual.

E disse-lhe Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem sejam cegos. E aqueles dos fariseus, que estavam com ele, ouvindo isto, disseram-lhe: Também nós somos cegos? João 9:39-40

Em Cristo,

Ministério Siloé.

FIDELIDADE
s.f. Exatidão em cumprir suas obrigações, em executar suas promessas: jurar fidelidade. / Afeição e lealdade constante: fidelidade de um amigo. / Obrigação recíproca dos esposos de não cometer adultério. / Exatidão, semelhança: fidelidade de uma narração. / Lealdade; probidade.

Lc 15. 16-17: E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que {me} pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente.

Ao refletir sobre o que seria a fidelidade, acabei chegando a uma conclusão que talvez não seja somente minha, mas da maioria das pessoas. Sempre que esta palavra vem a minha mente, associo-a automaticamente ao casamento, o que é errado e contraditório, pois é citada na bíblia como uma das características de Deus: Saberás, pois, que o SENHOR teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos. Dt. 7.9. Isso demonstra que não devemos viver a fidelidade somente no casamento, mas principalmente fora dele, diariamente em nossa vida.
O personagem da parábola citada por Jesus (no início do texto), é do filho mais novo de certo homem, que decide pedir ao seu pai, sua parte na herança, gastando-a de maneira impulsiva e irresponsável. O filho não se importava com o pai, desejava-lhe a morte, estando mais interessado no retorno financeiro, do que no relacionamento existente entre os dois. A herança só é concedida aos herdeiros, após a morte do dono dos bens, o que reforça ainda mais esta visão de descaso e negligência do filho em relação ao pai. Quantas vezes não somos assim com Deus, quando em nossas orações e campanhas, buscamos mais as bênçãos, do que o próprio Deus. Barganhamos com nosso Pai, buscando através de uma comunhão interesseira, falsa e nojenta, receber o melhor desta terra, e quando abençoados seguimos o nosso caminho esquecendo Daquele que nos Criou e nos ama.
O pai poderia abandonar o filho, quando este volta pedindo-lhe ajuda, mas ele opta por esquecer o passado, aceitando-o novamente. O filho conhecia o caráter do pai e sabia que ele nunca lhe viraria as costas, seria sempre perdoado e aceito. A simples lembrança do carinho, da fidelidade e calor da casa paterna o constrangeu a se arrepender, retornar e não mais cometer o mesmo erro. Assim devemos ser nós com o nosso Criador, que hoje podemos chamar de Pai. 


Pai,

Que a cada dia, o meu coração seja grato pelo teu amor, constrangido por tanta ternura e compaixão. Ensina-me os teus caminhos. Capacita-me a aprender com os meus erros, mas ajuda-me também a acertar, andando de acordo com a Tua Palavra. Se desviar, que o Senhor me encontre no caminho, me fazendo retornar a Tua Casa, onde encontro carinho, amor e descanso. Ensina-me a viver a FIDELIDADE diariamente, em todas as áreas da minha vida: espiritual, pessoal, familiar, amorosa e tantas outras que o Senhor sabe que preciso ser fiel.

Em nome de Jesus, 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Com qual rosto que eu vou?



Qual é a imagem de nós mesmos que desejamos projetar


Respondeu, porém, Jó, dizendo: “Ainda hoje a minha queixa está em amargura; a minha mão pesa sobre meu gemido. Ah, se eu soubesse onde o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal”. Exporia ante ele a minha causa, e a minha boca encheria de argumentos.
  

Jó não era um foragido da justiça, alguém que tentava se esconder de seu devedor, se disfarçar e mudar para endereço desconhecido. Ele está disposto a um confronto com Deus e revela um intenso e profundo desejo de se encontrar com o Reto Juiz. Quer entender, quer concertar quer expor a sua causa e se possível, negociar.
Uma reação bem humana é esconder a verdadeira identidade desenhando, com traços fortes e acentuados uma imagem mais aceitável. O papel aceita tudo. Às vezes, em nossas declarações, insistimos e superestimamos nossa honestidade, esforço e justiça. Há ainda quem constrói uma imagem mais elevada por detrás de alegações de visões de anjos e demônios, tentando construir uma auréola espiritual ao se redor, induzindo as pessoas a pensar que são seres extraordinários. Outros escondem projetos sombrios por detrás de frases como: “Deus me disse, me orientou, me revelou, etc...”
Para chegar perto deste tipo de gente é necessário atravessar barreiras subjetivas e físicas: Distanciamento, faixas de contenção, evasivas, seguranças, distorções e mentiras. Acrescentem-se ainda os pseudônimos, a pseudo espiritualidade, as pseudo profecias, os pseudo ensinamentos, as pseudo visões, pseudo revelações e disfarces religiosos.
Ele sabia que Deus não contenderia com um humano, utilizando-se de força desproporcional, embora tivesse um enorme arsenal de balas na agulha, e balas de diversos calibres. 
“Porventura segundo a grandeza de seu poder contenderia comigo? Não: ele antes me atenderia. Ali o reto pleitearia com ele, e eu me livraria para sempre do meu Juiz”.
Mas Jó não deixa de revelar a sua frustração, pois, apesar de seus esforços, não consegue achar o endereço deste tribunal celestial.
“Eis que se me adianto, ali não está; se torno para trás, não o percebo. Se opera à esquerda, não o vejo; se se encobre à direita, não o diviso”.

Este tipo de gente tem um encontro com Deus diário 

VEJA EM VÍDEO
http://www.livestream.com/naosnews/video?clipId=flv_4c971f87-28c8-47cd-8dba-7103bc570f61

A Sua Família Cavaria a Sua Própria Sepultura?

Meditações sobre Família e Martírio

Muitos (talvez não todos) dos que lêem este livro estão bem distante da ameaça de martírio. Contudo, as palavras de Jesus têm de ser ouvidas por todos. Dias virão em que elas serão mais relevantes do que parecem hoje. E, mesmo em nossos dias, as palavras de Jesus são tremendamente importantes para milhares de cristãos. David Barret estima, em suas pesquisas anuais, que 164.000 cristãos morreram como mártires todos os anos, no século XX, o qual é provavelmente o mais sangrento de todos os séculos. Isso não deve surpreender a nenhum verdadeiro cristão. “Amados, não estranheis o fogo  ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo” (1 Pedro 4.12). Todos devemos ouvir as palavras de Jesus:Antes, porém, de todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome; e isto vos acontecerá para que deis testemunho. E sereis entregues até por vossos pais, irmãos, parentes e amigos; e matarão alguns dentre vós. Contudo, não se perderá um só fio de cabelo da vossa cabeça. É na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma (Lucas 21.12-13, 16, 18-19).

Sem dúvida, será difícil não somente morrer por Cristo às mãos de homens injustos, mas também ter os membros de nossa própria família, à semelhança de Judas, nos entregando com um beijo. Todavia, haverá outras histórias. Nem todas as famílias falharão naquele tempo. Algumas se revelarão como ouro. Ouvir a respeito dessas famílias e da fé exercida por tais pessoas ajudarão a você e a seus amigos e familiares a ficarem preparados. Quero contar-lhe a história da família Haim, do Camboja.


No vilarejo de Siem Riep (no Camboja), Haim, um mestre cristão, “sabia que os jovens soldados comunistas, de traje preto, ao atravessarem os campos, agora vinham buscá-lo… Haim já tinha determinado que, ao chegar a sua vez, morreria com dignidade e sem queixas. Desde a “Libertação”, em 17 de abril de 1975, qual o cambojano que não pensara neste dia?… Toda a família de Haim estava reunida naquela tarde. Eles eram “a velha caspa”, “o sangue ruim”, “inimigos da revolução gloriosa”, “agentes da CIA [Central Intelligence Agency]!” Eles eram cristãos.
A família passara a noite acordada, confortando-se mutuamente e orando uns pelos outros, enquanto permaneciam amarrados juntos, na grama úmida, debaixo de algumas árvores. Na manhã seguinte, os jovens soldados retornaram e os levaram de seu Getsêmani ao lugar de execução, aos “campos de extermínio”… 

A família recebeu ordens de cavar uma sepultura bem ampla, para eles mesmos. Então, concordando com o pedido de Haim, de se prepararem, por alguns momentos, para a morte, pai, mãe e filhos, com mãos unidas, ajoelharam-se ao redor da cova aberta. Com súplicas altissonantes a Deus, Haim começou exortando tanto os soldados como todos os que os olhavam de longe a se arrependerem e crerem no evangelho. 

Então, em pânico, um dos filhos mais novos de Haim se colocou de pé, correu em direção aos arbustos dos arredores e desapareceu. Haim se levantou e, com admirável frieza e autoridade, prevaleceu em convencer os soldados a não perseguirem o menino e a permitirem que ele o chamasse de volta. A aglomeração de espectadores que observavam ao redor das árvores, os soldados e a família pasmada, ainda de joelhos à beira da cova, olhavam com admiração, enquanto Haim começou a chamar o seu filho, rogando-lhe que retornasse e morresse junto com sua família. “Que comparação”, bradou Haim, “ganhar apenas mais alguns dias na selva, como um fugitivo, um miserável e solitário, em vez de unir-se à sua família, momentaneamente ao redor da sepultura, mas em breve ao redor do trono de Deus, livres para sempre, no Paraíso?” Depois de alguns minutos de tensão, alguns arbustos foram abertos, e o rapaz, chorando, caminhou lentamente ao seu lugar, entre os familiares ajoelhados. “Agora, estamos prontos para ir”, disse Haim aos soldados. 
Poucos dos que presenciaram esse acontecimento duvidaram que as almas daqueles cristãos, cujos corpos tombaram silenciosamente à cova que eles mesmos abriram, ascenderam ao céu, a um lugar preparado pelo Senhor deles (Don Cormack, Killing Fields, Living Fields: An Unfinished Portrait of the Cambodian Church — the Church That Would Not Die, Crowborough, England: Monarch Publications, 1997, p. 233-234).

Haim e sua família não morreram em vão, e nada nos intimidará, se você e eu formos motivados a fixar nossos pensamentos nas coisas que são do alto, para amarmos a Cristo mais do que a este mundo e sermos tão radicalmente livres para o amor, o testemunho e a coragem, na causa da verdade.





Quando o Querer e o Dever Não se Harmonizam

Vivendo entre a permissão e a hipocrisia
Se o seu “querer” não se conforma com o “dever” estabelecido por Deus, o que você pode fazer para ter paz? Vejo pelo menos cinco estratégias possíveis.
1. Você pode evitar pensamentos sobre o “dever”. Esta é a estratégia mais comum no mundo. Muitas pessoas simplesmente não dedicam energia para considerar o que deveriam estar fazendo e não o estão fazendo. É mais fácil apenas deixar o rádio tocando.
2. Você pode reinterpretar o “dever”, para que este se pareça com o seu “querer”. Isto é um pouco mais sofisticado; portanto, não é muito comum. Geralmente exige uma educação especializada, para ser feito com credibilidade; ou, a graduação em um seminário pode fazer isso com requinte. (Eu acredito firmemente tanto na educação especializada como no seminário!)
3. Você pode reunir os poderes da sua vontade para realizar uma forma de “dever”, embora não tenha o “querer” em seu coração. Isso parece muito bom e, freqüentemente, é mal interpretado como uma virtude, até por aqueles que o fazem. De fato, há uma filosofia que diz: “O dever sem o querer é a essência da verdadeira virtude”. O problema desta filosofia é que Paulo disse: “Deus ama a quem dá com alegria” (2 Coríntios 9.7). Isso coloca os que contribuem por “dever” em uma situação precária.
4. Você pode sentir contrição pelo fato de que o seu “querer” é muito pequeno e frágil — como um grão de mostarda. Depois, se você tiver a capacidade, cumpre o “dever” pelo esforço da vontade, enquanto lamenta que seu “querer” seja fraco e ora para que este logo seja restaurado. Talvez este até seja restaurado enquanto você realiza o “dever”. Isto não é hipocrisia. A hipocrisia oculta a ausência do “querer” e finge que ele existe. A virtude confessa o desejo deficiente na esperança de que a graça perdoará e restaurará.
5. Por meio da graça, você pode buscar a Deus, para que Ele lhe dê o  “querer”, de modo que, chegando o momento de cumprir o “dever”, você terá o “querer”. Em última instância, o “querer” é um dom de Deus. “A mente da carne é hostil para com Deus… e não é capaz de submeter-se à lei de Deus” (Romanos 8.7 — tradução do autor). “O homem natural não pode entender as coisas do Espírito de Deus… por que elas são apreciadas espiritualmente” (1 Coríntios 2.14 — tradução do autor). “Na expectativa de que Deus lhes conceda… o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade” (2 Timóteo 2.25).
A doutrina bíblica do pecado original se resume nisto (emprestado de Agostinho): Somos livres para fazer o que gostamos, mas não somos livres para gostar do que deveríamos gostar. “Pela desobediência de um só homem [Adão], muitos se tornaram pecadores” (Romanos 5.19). Esta é a nossa condição. E sabemos, com base em nosso próprio coração e nas Escrituras, que somos responsáveis pela corrupção de nosso “querer”. De fato, quanto melhor nos tornamos, tanto mais nos envergonhamos de sermos maus, e não apenas de fazermos o mal. Como disse N. P. Williams: “O homem comum pode sentir-se envergonhado de praticar o que é errado, mas o santo, capacitado com o aprimoramento superior de uma sensibilidade moral e poderes perspicazes de introspecção, se envergonha de ser o tipo de pessoa que está sujeito a praticar o que é errado” (citado em Edward Oakes, “Original Sin: A Disputation”, First Things, nº 87, novembro de 1998, p. 24).
A obra soberana e espontânea de Deus em mudar o coração é a nossa única esperança. Portanto, temos de pedir-Lhe um novo coração. Temos de orar para que Ele nos dê o “querer” — “Inclina-me o coração aos teus testemunhos e não à cobiça” (Salmos 119.36). “Alegra a alma do teu servo, porque a ti, Senhor, elevo a minha alma” (Salmos 86.4). Deus prometeu fazer isto: “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos” (Ezequiel 36.27). Isto é a nova aliança comprada com o sangue de Jesus (ver Hebreus 8.8-13; 9.15). “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4.16).